A intertextualidade, tema estudado pela Linguística Textual, é um elemento recorrente na escrita de textos. Mesmo quando não temos a intenção de utilizá-la, o fazemos inconscientemente, resgatando modelos e parâmetros estabelecidos nos chamados textos fontes, considerados fundamentais em uma determinada cultura por fazerem parte da memória coletiva de uma sociedade.
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Você já deve ter percebido que as relações dialógicas entre textos é um conceito inerente à intertextualidade e que, quanto mais lemos e conhecemos os textos fontes, mais inferências somos capazes de realizar. Um texto pode apresentar diversas vozes, para as quais damos o nome de polifonia, que nada mais é do que as referências presentes nas entrelinhas do texto. Muitos escritores e compositores utilizaram esse recurso na construção de paródias, paráfrases ou citações. Como é um conceito amplo e ível de classificações, a intertextualidade pode ser classificada em dois tipos principais: intertextualidade explícita e intertextualidade implícita.
Na intertextualidade explícita ocorre a citação da fonte do intertexto, encontrada principalmente nas citações, nos resumos, resenhas e traduções, além de estar presente também em diversos anúncios publicitários. Nesse caso, dizemos que a intertextualidade localiza-se na superfície do texto, pois alguns elementos nos são fornecidos para que identifiquemos o texto fonte. Observe um exemplo:

A intertextualidade, quando explícita, fornece ao leitor diversos elementos que o remetem ao texto fonte
No anúncio publicitário utilizado no exemplo, há uma forte referência ao texto fonte, facilmente identificada pelo leitor através dos elementos fornecidos pela linguagem verbal e pela linguagem não verbal. A composição do anúncio nos transporta imediatamente para o filme “Tropa de Elite”, do cineasta José Padilha, e isso só é possível em razão do forte apelo popular da produção, que ganhou grande projeção em nossa sociedade.
Já a intertextualidade implícita ocorre de maneira diferente, pois não há citação expressa da fonte, fazendo com que o leitor busque na memória os sentidos do texto. Geralmente está inserida nos textos do tipo paródia ou do tipo paráfrase, ganhando espaço também na publicidade. Observe o exemplo:

A intertextualidade implícita depende da construção de sentidos feita pelo leitor a partir da busca de inferências em sua própria memória
No anúncio há um elemento verbal que permite a retomada do texto fonte, mas essa inferência depende de um conhecimento prévio do leitor: se ele não souber que há uma referência à música “Mania de você”, da cantora Rita Lee, provavelmente o texto não será compreendido em sua totalidade.
Portanto, a intertextualidade é um elemento muito importante para a constituição de sentidos do texto, colaborando em muito para a coerência textual ao reforçar a ideia de que a competência linguística não depende apenas do conhecimento do código linguístico, mas também do conhecimento das relações intertextuais.
Por Luana Castro
Graduada em Letras