A classificação dos seres vivos é feita com base nas semelhanças que os indivíduos compartilham entre si. A classificação biológica, também conhecida como taxonomia, é um ramo da Biologia que se responsabiliza por organizar e classificar os seres vivos em grupos hierárquicos, com base nas semelhanças evolutivas e genéticas que esses seres compartilham.
Essa categorização permite que os cientistas possam identificar, nomear e estudar os seres vivos de maneira mais sistemática. E saber os parentescos evolutivos das espécies nos permite entender melhor sobre as complexidades existentes nos padrões de diversidade dos seres vivos.
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Resumo sobre classificação dos seres vivos
- Classificação biológica, também conhecida por taxonomia, é o ramo da ciência que organiza e classifica os seres vivos.
- Carl von Linné é considerado o pai da taxonomia e o pioneiro nos estudos de classificação dos seres vivos.
- O sistema de classificação dos seres vivos evolui e se atualiza de acordo com as novas descobertas da ciência.
- Robert Whittaker propôs a classificação de cinco reinos:
- Monera;
- Protista;
- Fungi;
- Plantae; e
- Animalia
- Carl Woese sugeriu a classificação em três domínios:
- Bacteria;
- Archaea; e
- Eukarya.
- Os nomes das espécies são organizados de acordo com as regras da nomenclatura binomial.
- Todo nome científico deve ser escrito em latim, precisa estar destacado do texto, e a primeira letra do gênero deve estar em letra maiúscula e todo o resto em minúsculo.
- A classificação biológica é crucial para organizar, entender e estudar a biodiversidade.
O que é a classificação dos seres vivos?
A classificação biológica também pode ser chamada de taxonomia, um termo que tem origem grega e, na tradução, fica taxis = organizar ou arranjar + nomos = lei ou regra. É um sistema de classificação hierárquica dos seres vivos, com intuito de identificar, descrever, nomear e organizar esses seres em grupos específicos de acordo com suas semelhanças evolutivas, genéticas, morfológicas, fisiológicas e moleculares.
Essa organização permite os estudos e a comunicação entre a comunidade científica e permite traçar a história evolutiva das espécies por meio das relações de parentesco dos organismos, agrupando aqueles que apresentam ancestrais em comum.
O pioneiro nos estudos taxonômicos foi Carl von Linné (Lineu), autor do livro Systema naturae, publicado em 1735. Considerado o pai da taxonomia, ele trouxe contribuições indispensáveis para o sistema de classificação e a nomenclatura das espécies.
Qual é a classificação dos seres vivos?
O sistema de classificação de seres vivos não é algo imutável, pois novas descobertas podem levar a novas classificações. Novas espécies são descobertas, enquanto espécies antigas podem ser realocadas, ao mesmo tempo que novos dados moleculares podem mudar alguma classificação já estabelecida. Dessa forma, sempre há uma ou outra atualização nas formas de classificação dos seres vivos.
→ Classificação dos seres vivos em cinco reinos
Em 1959, um período de grandes avanços da microscopia, o cientista americano Robert Whittaker propôs uma nova classificação biológica baseada nas diferenças celulares dos organismos, organizando-os em cinco reinos:
-
- Monera: abrange todos os seres procariontes.
- Protista: inclui algas e protozoários.
- Fungi: reino dos fungos.
- Plantae: abrange todas as plantas.
- Animalia: abarca todos os animais.
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Videoaula sobre a classificação dos seres vivos em cinco reinos
→ Classificação dos seres vivos em três domínios
Em 1969, Margulis e Schwartz sugeriram uma alteração do termo Protista para Protoctista, que abarcaria melhor todos os diferentes organismos contemplados por esse reino. Entretanto, poucas décadas depois, com os avanços biotecnológicos que permitiram o sequenciamento genético das espécies, a classificação de Whittaker acabou se tornando insuficiente, pois alguns organismos procariontes diferiam tanto de outros procariontes quanto dos eucariontes.
Desse modo, Carl Woese, em 1977, propôs uma categorização que separa os seres procariontes em grupos distintos, criando, assim, os três domínios:
-
- Bacteria: inclui as bactérias, a maioria dos procariontes conhecidos atualmente.
- Archaea: inclui as arqueobactérias, procariontes menos comuns que vivem em ambientes extremos.
- Eukarya: inclui todos os seres vivos eucariontes.
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Videoaula sobre a classificação dos seres vivos em três domínios
Categorias taxonômicas
As categorias taxonômicas formam um sistema hierárquico de classificação, em que cada nível inclui um ou mais níveis taxonômicos inferiores. O primeiro nível taxonômico é o mais abrangente, o de domínio, e, a cada próximo nível hierárquico da classificação, mais semelhanças entre si os organismos compartilham, ficando cada vez mais específico até chegar ao último nível, o da espécie.
- Domínio: categoria mais ampla, agrupa os organismos com base em características celulares fundamentais, atualmente com a classificação de três diferentes táxons, o domínio Bacteria, o Archaea e o Eukarya.
- Reino: agrupa os organismos de acordo com tipo celular, nutrição e organização corporal básica. São eles os reinos Monera, Protoctistas, Fungi, Plantae e Animalia.
- Filo (ou divisão em Botânica): agrupa os organismos de acordo com o plano corporal básico e semelhanças na origem evolutiva.
- Classe: agrupa organismos de um mesmo filo que compartilham características semelhantes mais específicas.
- Ordem: agrupa organismos de uma mesma classe que compartilham características semelhantes mais específicas.
- Família: agrupa organismos de uma mesma ordem que compartilham características semelhantes mais específicas.
- Gênero: agrupa espécies intimamente mais relacionadas que têm em comum muitas características estruturais, evolutivas e genéticas.
- Espécie: a categoria mais fundamental da classificação biológica, constituída por organismos semelhantes entre si, que compartilham um conjunto único de características idênticas e apresentam a capacidade de se reconhecerem, se reproduzirem e gerarem descendentes férteis.
→ Exemplo de classificação taxonômica
Classificação dos seres vivos por espécie
A classificação dos seres vivos por espécie é feita com base no sistema de nomenclatura binomial, proposto por Lineu, por meio da utilização do latim na escrita de cada nome, a fim de evitar ambiguidades na identificação das espécies e garantir que toda e qualquer espécie seja identificada de forma inequívoca e exata em qualquer lugar do mundo.
Nesse sistema de classificação, cada espécie recebe um nome composto, normalmente, por duas palavras, em que a primeira palavra diz respeito ao gênero ao qual a espécie pertence e a segunda palavra é o epíteto específico, o descritor específico do organismo. Confira, a seguir, as principais regras da escrita científica nesse sistema de classificação das espécies:
- Regra 1 — Escrita em latim: permite uma universalização do termo em um mesmo idioma, e, por ser uma língua morta, não sofre modificações ortográficas. Exemplo:
Homo sapiens (que significa homem sábio, no latim).
- Regra 2 — Composição por duas palavras: a primeira diz respeito ao gênero e a segunda é o epíteto específico. Exemplo:
Aedes (gênero) aegypti (epíteto específico)
- Regra 3 — Gênero e epíteto específicos: o gênero deve ser escrito com a primeira letra maiúscula e o epíteto todo em minúsculo. Exemplo:
Candida (apenas o C maiúsculo) albicans (todo o epíteto específico minúsculo)
- Regra 4 — Nome destacado do texto: o nome científico deve ser destacado do texto de alguma forma, normalmente sendo escrito em itálico ou sublinhado. Exemplo:
Paubrasilia enchinata
Veja também: Qual a diferença entre células eucariontes e células procariontes?
Importância da classificação dos seres vivos
A classificação dos seres vivos é de fundamental importância para os estudos e entendimento sobre aspectos e semelhanças evolutivas entre os grupos dos seres vivos. Sem a categorização das espécies em grupos específicos, teríamos diversos problemas em compreendê-los melhor e estudá-los de forma mais específica sobre seus padrões e semelhanças evolutivas.
Localizar e reconhecer um ser vivo em meio a tantos outros seria uma tarefa extremamente complexa e trabalhosa, atingindo diretamente os estudos e as compreensões sobre a complexidade de toda nossa biodiversidade.
História da classificação dos seres vivos
A necessidade de estudar e compreender a diversidade da vida existe há séculos. Aristóteles (384 a.C.) propôs o primeiro sistema de classificação dos seres vivos, agrupando os animais em aéreos, terrestres e aquáticos. No século XVIII, Carl von Linné categorizou as espécies de maneira linear; no grupo dos mais simples: as plantas (abrangendo plantas e fungos), e no dos mais complexos: os animais.
Os aspectos evolucionistas só aram a ser considerados nos estudos da taxonomia após os estudos do evolucionista Charles Darwin, em 1859. Mas a dicotomia planta-animal perdurou alguns anos até chegar-se a novas propostas de classificação com o avanço do conhecimento sobre os seres vivos e a aceitação mais firme das teorias evolucionistas de Darwin.
Em 1866, Ernst Haeckel propôs a classificação dos três reinos: Protistas, protozoários, bactérias, fungos e outros microrganismos; Plantae, todas as plantas; Animalia, todos os animais. No ano de 1956, Herbert Copeland sugeriu a classificação em quatro reinos: Monera, bactérias; Protoctista, protozoários, fungos e demais algas; Plantae, plantas e algas verdes; Animalia, animais.
E foi no ano de 1969 que Robert Whittaker lançou a proposta da famosa classificação dos cinco reinos: Monera, bactérias; Protista, algas unicelulares e protozoários; Fungi, fungos; Plantae, algas multicelulares e plantas; Animalia, animais.
Lynn Margulis e Schwartz, em 1980, sugeriram uma atualização dos cinco reinos de Whittaker. Assim substituiu o termo Protista por Protoctista, mantendo nesse reino todas as algas e protozoários e deixando o reino Plantae abarcar apenas as plantas. Preservou as mesmas categorizações para os reinos Monera, Fungi e Animalia.
Essa proposta de cinco reinos de Margulis e de Whittaker coexistiram e ambas foram adotadas por muito tempo pela comunidade científica, até que surgiu a proposta de Carl Woese e Mitchell Sogin, em 1970, sobre classificar os seres vivos em apenas três domínios. A justificativa para essa nova classificação foi baseada na análise da sequência de nucleotídeos do RNA de diversos organismos de cada um dos cinco reinos.
Woese e Sogin concluíram que os reinos Monera e Protoctista eram grupos artificiais, ou seja, não abrangiam descendentes de um mesmo ancestral, dessa forma, foi proposta a classificação dos domínios: Bacteria, formado por bactérias e cianobactérias; Archaea, formado por arqueobactérias extremófilas; Eukarya, formado por protozoários, algas, fungos, plantas e animais.
Esse mesmo estudo ainda forneceu evidências de que o domínio Archaea é mais próximo evolutivamente de Eukarya do que de Bacteria. Sendo assim, essa classificação de três domínios é a mais aceita atualmente, muito embora didaticamente ainda seja muito utilizada a classificação de cinco reinos de Whittaker, com as devidas atualizações de Margulis e Schwartz.
Saiba mais: O que diz a teoria da evolução das espécies?
Exercícios resolvidos sobre classificação dos seres vivos
QUESTÃO 1 (Enem)
A classificação biológica proposta por Whittaker permite distinguir cinco grandes linhas evolutivas utilizando, como critérios de classificação, a organização celular e o modo de nutrição. Woese e seus colaboradores, com base na comparação das sequências que codificam o RNA ribossômico dos seres vivos, estabeleceram relações de ancestralidade entre os grupos e concluíram que os procariontes do reino Monera não eram um grupo coeso do ponto de vista evolutivo.
A diferença básica nas classificações citadas é que a mais recente se baseia fundamentalmente em
A. tipos de células.
B. aspectos ecológicos.
C. relações filogenéticas.
D. propriedades fisiológicas.
E. características morfológicas.
Resposta: Letra C.
Justificativa: A classificação de Woese, ao contrário da de Whittaker, baseou-se na análise das sequências de RNA ribossômico, revelando relações filogenéticas e demonstrando que o reino Monera não era um grupo evolutivamente homogêneo.
QUESTÃO 2 (Enem)
O poema acima sugere a existência de relações de afinidade ente os animais citados e nós, seres humanos. Respeitando a liberdade poética dos autores, a unidade taxonômica que expressa a afinidade existente entre nós e estes animais é
A. o filo.
B. o reino.
C. a classe.
D. a família.
E. a espécie.
Resposta: Letra B.
Justificativa: A afinidade entre humanos e os animais citados no poema, embora distante evolutivamente, é expressa na unidade taxonômica de reino, pois compartilhamos tipo celular, forma de nutrição e organização corporal básica.
Fontes
BIOTA NEUTROPICA. Taxonomia. Instituto Virtual da Biodiversidade. BIOTA - FAPESP, 2004. Disponível em: https://www.scielo.br/j/bn/a/FCgBJYVZtrjYstCv3pd9LpN/?lang=pt
ZAGATTO, L. F. G.; WEISER, V. L. A classificação biológica e sua importância: de Aristóteles aos dados moleculares. Aprendendo Ciência. UNESP, 2022. Disponível em: https://seer.assis.unesp.br/index.php/aprendendociencia/article/view/2453
