Zona rural é um recorte espacial que tem como principal característica a baixa concentração populacional e de edifícios. O meio rural é marcado, ainda, pela preponderância de elementos da natureza, embora tenha ado por uma série de transformações recentes que evidenciam a elevada taxa de intervenção humana. Dentre essas mudanças está a modernização técnica da agropecuária decorrente da Revolução Verde. É na zona rural, portanto, que as atividades primárias da economia são desenvolvidas. 11346u
A zona rural é muito importante para a economia territorial, uma vez que é responsável pelo fornecimento de matérias-primas para a indústria e de alimentos para a população. Mesmo diante disso, registram-se sérios problemas no campo como a degradação ambiental, a falta de infraestrutura, a concentração fundiária e a ampliação das desigualdades socioeconômicas nesse espaço.
Leia também: Êxodo rural — o que é, como ocorre, quais são as suas causas e consequências
Zona rural é um recorte espacial caracterizado pela baixa concentração de população, de edifícios e de serviços de um modo geral.
Na zona rural, há o predomínio de elementos naturais, embora haja intervenções humanas.
A agricultura, a pecuária, a pesca, a silvicultura e a mineração são atividades econômicas desenvolvidas na zona rural.
É importante para a manutenção da economia de um território, além de fornecer alimentos à população, matérias-primas e insumos para os demais segmentos produtivos.
Problemas como a concentração de terras, a ausência de infraestrutura e os conflitos pela terra são comuns na zona rural no Brasil e no mundo.
As últimas décadas foram marcadas por transformações na zona rural brasileira e do mundo devido à Revolução Verde e ao fenômeno do êxodo rural.
Zona rural, também chamada de espaço rural, é um recorte do espaço geográfico em que há o predomínio de elementos naturais, com menor concentração da intervenção humana. A zona rural tem baixo adensamento populacional e é onde se realizam importantes atividades econômicas que se encontram na base de toda cadeia produtiva, sendo essa uma área fundamental para o funcionamento da indústria e para o abastecimento do mercado doméstico com alimentos.
Apesar da zona rural ter ado por intensas transformações nas últimas décadas e ser bastante distinta, dependendo do país ou da localidade analisada, existem algumas características em comum que podem ser utilizadas como norte para a determinação desse recorte espacial. Dentre essas características se destacam:
Baixa densidade demográfica: isso significa que a concentração de pessoas por unidade de área é pequena quando comparada com um centro urbano ou cidade.
Alta concentração de elementos naturais: o meio rural é marcado pela forte presença de elementos da natureza que não foram modificados pela ação dos seres humanos, como montanhas, bosques, florestas, rios, riachos e outros. Ainda assim, por conta das transformações recentes no espaço geográfico, a zona rural tem ado por modificações constantes que deixam a marca dos seres humanos nesses espaços.
Predomínio de atividades primárias: na zona rural há maior presença das atividades pertencentes ao setor primário da economia, como a agricultura, a pecuária, a pesca, o extrativismo vegetal e a mineração. Existem, é claro, empresas e atividades atreladas ao setor secundário que se desenrolam no campo ou em áreas rurais, como a geração de eletricidade, por exemplo. Entretanto, elas acontecem em menor volume do que as atividades primárias.
Veja também: Quais são os três setores da economia?
As atividades econômicas encontradas na zona rural são aquelas pertencentes ao setor primário da economia, que respondem pela produção de matérias-primas para a indústria e para os demais segmentos econômicos, bem como pela produção de alimentos que garantem a subsistência das famílias no campo e abastecem o mercado doméstico ou internacional. Diante disso, temos que as atividades que melhor caracterizam a zona rural são as seguintes:
agricultura;
pecuária;
extrativismo vegetal;
mineração;
pesca;
silvicultura.
É preciso ponderar que, nas últimas décadas, a maneira como a maioria dessas atividades se desenvolve na zona rural ou por transformações profundas. Com a Revolução Verde, a partir da segunda metade do século XX, e a modernização tecnológica vivenciada no campo, a produção agropecuária deixou de ser pautada apenas nas técnicas tradicionais e ganhou novos equipamentos, incorporou novos métodos que garantiram a modernização da zona rural.
Atrelados a essa modernização, como veremos a seguir, uma série de questões e de problemas surgiram, como aqueles relacionados ao agronegócio e os pequenos produtores, por exemplo. Podemos constatar, portanto, que as atividades econômicas que se desenvolvem na zona rural são, ao mesmo tempo, aquelas tradicionais que associamos a esse recorte espacial, mas também atividades modernizadas que estão diretamente atreladas às cadeias produtivas que abrangem não apenas o país em que se inserem, mas todo o planeta.
A zona rural é fundamental para a sociedade e para a economia. Esse recorte espacial é o responsável pela produção de alimentos, os quais são cruciais para a sobrevivência dos seres humanos. É, portanto, na zona rural que todos os itens básicos da nossa alimentação são produzidos, de hortaliças e frutas às proteínas de origem natural.
Junto aos alimentos, temos as matérias-primas, que são cruciais para o funcionamento da indústria e para o andamento de outros segmentos da economia, até mesmo de outras atividades inseridas no próprio setor primário. Ainda em se tratando de questões econômicas, a zona rural consiste em um lugar de descanso e lazer, o que fomenta o turismo.
As paisagens naturais também são propícias à realização do ecoturismo, além de serem formadas por áreas de preservação e de conservação que têm grande importância para a manutenção do equilíbrio dos ecossistemas e do meio ambiente.
Os problemas enfrentados na zona rural são tanto de ordens natural e estrutural quanto socioeconômica. Dentre as principais adversidades registradas no meio rural, no Brasil e no mundo, destacamos:
A concentração fundiária, o que significa dizer que, em determinadas localidades, existem amplas extensões de terra nas mãos de um pequeno grupo de pessoas. Esse grupo é formado principalmente por latifundiários e, em suas propriedades, pratica-se o agronegócio. Em contrapartida, pequenos agricultores possuem uma área restrita para desenvolver suas atividades, além de enfrentarem uma concorrência difícil de ser superada.
Conflitos pela terra e problemas como a grilagem, que aprofundam as desigualdades socioeconômicas no meio rural.
Amplo contingente populacional vivendo em situação de pobreza, uma vez que muitos dos pequenos proprietários e agricultores familiares produzem para o seu próprio sustento e de sua família.
Intensificação do êxodo rural em função do crescimento das áreas destinadas ao agronegócio e à agricultura moderna, o que faz com que trabalhadores rurais e famílias inteiras mudem para as cidades em busca de melhores oportunidades.
Ampliação das áreas de pastagem e de monocultivos, o que diminui a área disponível para o plantio de alimentos e para a criação de animais por meio do modelo da pecuária extensiva. A maior parte do produto da monocultura tem o exterior como destino.
Deficiência ou ausência completa de redes de infraestrutura, como esgotamento sanitário, abastecimento de água e redes de comunicação, e fornecimento de energia elétrica.
Remoção da cobertura vegetal nativa e uso de técnicas como as queimadas, que podem sair do controle e evoluir para incêndios florestais.
Poluição dos solos e dos recursos hídricos em função do uso excessivo de fertilizantes, agrotóxicos e de outros tipos de insumos químicos durante a produção agropecuária. Em conjunto desse problema, está a lixiviação do solo.
Compactação do solo pelo pisoteio do gado nas áreas de pecuária intensiva.
Zona urbana |
Zona rural |
Recorte espacial onde há elevada concentração de edifícios, de pessoas e também de serviços. Trata-se de uma área em que os elementos culturais, construídos e modificados pelos seres humanos, são preponderantes sobre os elementos da natureza. |
Recorte espacial onde é baixa a concentração de pessoas, residências e de serviços. Os serviços primários são predominantes, assim como se observa a maior presença de elementos da natureza em detrimento de objetos culturais, embora eles também estejam presentes. |
A zona rural brasileira tinha, até a década de 1970, uma maior concentração de habitantes do que as cidades. Pode-se dizer que esse foi o marco a partir do qual se ou a considerar o país como urbanizado. Muitos dos aspectos do campo atual são fruto de transformações que aconteceram a partir de então, especialmente da Revolução Verde, que significou a modernização da atividade agropecuária e a mecanização de processos no campo.
Em decorrência desse processo de modernização, a zona rural brasileira ou a comportar tanto as propriedades da agricultura tradicional e familiar, notadamente pequenas propriedades, como os grandes latifúndios monocultores que se orientam pelo agronegócio. A partir da segunda metade do século XX, o espaço rural brasileiro ou por um rearranjo produtivo que acabou aprofundando problemas estruturais históricos, como a concentração de terras e a pobreza no campo.
Especialmente em áreas de expansão da fronteira agrícola, a zona rural brasileira é marcada pelos conflitos pela terra, travados entre grandes produtores e grileiros contra pequenos proprietários, arrendatários e até mesmo comunidades tradicionais. Recentemente, as disputas em terras indígenas têm crescido no país, em especial nas regiões Norte e Centro-Oeste. Assim, a zona rural brasileira, embora seja importante econômica e culturalmente, tem sido caracterizada pelas desigualdades socioeconômicas e pelos conflitos pela terra.
A zona rural sempre foi um recorte espacial muito importante para a manutenção das sociedades. Em escala mundial, essa importância foi ganhando nuances diferentes à medida que os agrupamentos populacionais se modificaram e aram a criar novas demandas. Além disso, a evolução tecnológica experienciada em um curto período de tempo foi crucial no reordenamento do espaço no mundo e na atribuição de novas funções ao campo.
No princípio da industrialização, a zona rural foi de suma importância para as primeiras unidades fabris e para o abastecimento do meio urbano com alimentos e matérias-primas. Com o ar do tempo, ela foi se tornando uma região complementar. Como vimos anteriormente, foi, de fato, a modernização tecnológica, acelerada com a globalização e a Revolução Verde, que promoveram transformações profundas na zona rural e na forma como ela se relaciona com as cidades.
Ainda assim, por conta das particularidades socioeconômicas e espaciais de cada país, não são todos os territórios que aram por tais mudanças. Na realidade, isso aconteceu predominantemente nos países desenvolvidos e nos países emergentes. Nos países subdesenvolvidos, a zona rural ainda concentra a maioria da população e é fundamental para a economia desses territórios.
Saiba mais: O que é reforma agrária e como ela afeta o campo?
Êxodo rural é o movimento migratório de pessoas do campo em direção à cidade. Trata-se da emigração definitiva de indivíduos da zona rural para a zona urbana, que pode ocorrer espontânea ou forçadamente. Dentre os motivos que causam o êxodo rural estão:
automatização do processo produtivo no campo, especialmente na agropecuária;
concentração de terras, que causa a expulsão de indivíduos do campo para a cidade;
urbanização e industrialização, que tornam a cidade e os centros urbanos chamarizes de pessoas que estão em busca de melhores oportunidades de trabalho e de mudança de vida.
Questão 1
(ENEM) O gráfico representa a relação entre o tamanho e a totalidade dos imóveis rurais no Brasil.
Qual característica da estrutura fundiária brasileira está evidenciada no gráfico apresentado?
a) A concentraçao de terras nas mãos de poucos.
b) A existência de poucas terras agricultáveis.
c) O domínio territorial dos minifúndios.
d) A primazia da agricultura familiar.
e) A debilidade dos plantations modernos.
Resolução: Alternativa A. O gráfico evidencia a concentração fundiária brasileira, mostrando que um volume grande de terras se concentra nas mãos de poucas pessoas.
Questão 2
(FAMEMA) A concentração fundiária, a mecanização do campo e a facilidade de o aos serviços sociais nas cidades brasileiras explicam:
a) a desmetropolização.
b) o êxodo urbano.
c) a transição demográfica.
d) o êxodo rural.
e) a conurbação.
Resolução: Alternativa D. Os fatores elencados explicam a migração que acontece do campo para a cidade, denominada êxodo rural.
Fontes
IBGE. Classificação Rural e Urbana. Disponível em: https://www.ibge.gov.br/geociencias/organizacao-do-territorio/tipologias-do-territorio/15790-classificacao-rural-e-urbana.html.
LUCCI, E. A. Território e sociedade no mundo globalizado: ensino médio, 3. São Paulo: Saraiva, 2016.
ROSS, J. L. S. (Org.) Geografia do Brasil. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2019. 6 ed. 3 reimpr. 549p.
Fonte: Brasil Escola - /geografia/zona-rural.htm